Estevão "BraMax"



Com um singelo ruído de um sino, nossa entrada é anunciada no Cantinho da Torta assim que passamos pela porta. O cheiro de tortas assando e café preenche todo o ambiente, e já nos deixa com água na boca. Procuramos uma das mesas ao lado da janela, com vista para a rua, e nos sentamos.

A garçonete nos recebe com um sorriso e pergunta o que vamos comer.

- A torta do dia, por favor! E um café puro.

A satisfação de não precisar especificar que o café é sem açúcar - a única forma correta de se tomar café - é sublime. O outro pedido é feito:

- Hoje eu quero uma torta de maça e um café puro!

Já devidamente acomodados no assento acolchoado, começo a divagar.

- Não sei se é a loucura dos últimos dias - ou meses, na verdade - mas tenho buscado fazer coisas que me tragam um conforto, aquela satisfação que você sente no íntimo, quase como se fosse abraçado. Depois de um ano de intensa polarização política, gente maluca destacando defeitos que não enxergava antes mas que enxerga agora porque é a outra ideologia que está fazendo... problemas pessoais, muito trabalho e cansaço mental, decidi tirar um tempo para descansar física e mentalmente fazendo coisas que não fazia a muito tempo. Uma dessas coisas é voltar a ler quadrinhos e visitar bancas de jornal.

O café chega. A torta está saindo do forno, virá em breve. Tomo um gole da bebida quente e amarga, e imediatamente sou tomado pela sensação de conforto que só uma xícara de café quente pode proporcionar. Continuo o assunto.

- Semana passada eu descobri uma nova banca de jornal. Veja bem, bancas de jornal são locais sagrados em extinção. Desde que me entendo por gente eu frequento estes pequenos antros que oferecem um mundo inteiro de jóias de conhecimento e cultura pop por alguns trocados. A cada dia que passa temos cada vez menos bancas de jornal em funcionamento - e isso quando elas não nos enganam: você olha de longe, vê que é uma banca, se anima, entra e se depara com uma lojinha de produtos de qualidade duvidosa e nenhuma revista.

As tortas chegam. Entre uma garfada e um gole de café, a conversa continua a fluir.

- A tempos eu não descobria uma banca com bom conteúdo, e dessa vez eu tinha tempo para parar e olhar tudo com calma. Me senti como um adolescente de novo - só que desta vez eu tinha dinheiro. Não tinha tanto material quanto em outras bancas que eu já vi, mas achei umas coisas interessantes lá, como um especial do Hulk, uma edição especial do Tex e uma revista com - pasme - 800 páginas por um preço módico. Fiz a feira, voltei pra casa e fui folhear as novidades. A sensação é difícil de definir em palavras, é algo... que traz paz, simplesmente. Remete a coisas boas da infância/adolescência, e por um momento te faz sair desse mundo complicado e agressivo, e te transporta pra uma época mais simples, um mundo que - claro - só existe na nossa memória seletiva, mas que parece ressurgir novamente através de um portal de memorabília e te deixa respirar em paz por alguns momentos...

Eu sou interrompido com uma gargalhada inevitável:

- Desculpe, de verdade! Eu concordo com tudo que você disse, mas é impossível pra mim não associar banca de jornal ao lugar onde eu ia folhear revistas de mulher pelada escondido ou, em raríssimas ocasiões, comprá-las, pelo dobro do preço (a "taxa de discrição" do Seo Manuel era alta!). Mas retomando o fio, você tem razão. A banca é um lugar que infelizmente está morrendo. Tanto pro bom quanto pro ruim. Ninguém mais compra gibis, revistas "físicas" ou mesmo aqueles livrinhos com cifras pra violão e teclado dos grandes hits do momento.

Como se lesse a minha mente, o sistema de som do Cantinho começa a tocar Villa Lobos. Como não amar esse lugar..

- Há duas maneiras de enxergarmos isso. A inevitável mudança ou  morte de um serviço pela evolução. Ou realmente o abandono. Eu, mesmo sendo pessimista, prefiro enxergar como sinal dos tempos. Afinal, até a playboy deixou de existir...

- Quanto à simplicidade que você mencionou... O meu gatilho são os mercadinhos. Aquelas "vendinhas" de produtos a granel, com uma caderneta com o nome dos clientes fiéis que quitam as contas no dia do pagamento. Os cheiros desse lugar... Café, temperos, até mesmo a fumaça do cigarro quando se podia fumar a céu aberto. Essas coisas me lembram o conforto de um tempo onde a única preocupação era com as notas e o que fazer quando a escola (finalmente?) acabasse.

- É meu amigo. A verdadde é uma só. Estamos velhos. Estamos caminhando rumo àquela ranhetice que reclamávamos nos nossos pais e avós. Iremos dizer aos nossos filhos, aquilo que jurávamos jamais repetir ao ouvir de nossos pais. Soltaremos o inevitável "no meu tempo"...

- Eu, hoje, levo isto comigo de forma mais serena do que achei que levaria. E me esforço para evitar erros mais graves. Mas também, sempre que posso, dou a "carteirada" da idade para vencer uma discussão e não deixo de citar como as coisas "no meu tempo" eram melhores.

E deixa eu morder a minha torta antes que ela esfrie mais do que o meu café!



Os dois amigos terminam sua refeição e seu bom papo, saindo em seguida para continuar com seus afazeres da vida adulta.

(Texto escrito a 4 mãos)
Estevão "BraMax"
O Cantinho da Torta tem o orgulho de apresentar uma de suas melhores receitas, que é transmitida a gerações, e faz um enorme sucesso entre a família - e esperamos que faça sucesso entre nossos frequentadores também!

Coloque 5 Bananas Nanicas bem maduras (mas não passadas), 3 ovos inteiros e 1 xícara (chá) de óleo no liquidificador. Bata até formar uma mistura liquida mais cremosa.
Despeje a mistura em uma tigela e acrescente 2 xícaras de açúcar, 2 xícaras de farinha de rosca, 1 colher (sopa) de fermento químico em pó e 1 pitada de sal. Misture bem e leve ao forno, pré-aquecido, durante 30 a 40 min.

A Torta fica muito mais saborosa quando gelada.

Estevão "BraMax"


Rendimento: 24 docinhos pequenos
Tempo de preparo: 10 minutos

Ingredientes
1 lata de leite condensado
1 colher de sopa de chocolate em pó
1 colher de chá de café solúvel
1 colher de café de canela em pó
1 colher de sopa de manteiga


Modo de preparo
Leve todos os ingredientes ao fogo baixo e não pare de mexer até a mistura desgrudar do fundo da panela (aproximadamente sete minutos). Espere esfriar e faça as bolinhas. Se quiser, cubra com chocolate em pó.

( Via casa.com.br )
Estevão "BraMax"
É interessante como ficamos presos em certos momentos de nossas vidas, momentos estes que, embora não tenham sido como os idealizamos hoje, foram uma época muito confortável em nossas vidas, e exatamente por isso ansiamos retornar a eles para ter esta sensação de conforto novamente.

Minha infância foi influenciada por resquícios dos anos 80, como a TV Manchete e os saudosos desenhos da Hanna-Barbera, Tokusatsus como Jaspion, Changeman, Jiraya, propagandas do óculos AmberVision, Facas Ginsu 2000, video-game Atari, brinquedos como Pogo-Bol, Refrigerante Crush, entre tantas outras coisas. E algo que fez parte não só da minha infância como também de toda minha adolescência e continua comigo ainda hoje, na vida adulta (ou vida "chata") foram os lançamentos da área de informática. Desde um 386 e os terminais com tela de fósforo verde - impressionante como mudou o hardware mas em muitas empresas os softwares continuam os mesmos - até coisas mais interessantes, como os jogos que necessitavam do "Kit Multimídia" e que rodavam tão bem no 486: Outlaws, Full Throttle, Prince of Persia, WOLF 3D, The Dig...

Revistas de tecnologia noticiando "lançamentos bombásticos" como o Windows 95 e o Pentium 100 com Kit Multimídia e Placa de Captura de TV, ou consoles de última geração como o Jaguar, Sega Saturno ou Nintendo Ultra (que depois foi lançado como Nintendo 64) eram nossa principal fonte de informações, numa época que a internet ainda era movida a carvão.

Hoje me lembro com saudade das feiras de informática, onde a cada ano éramos surpreendidos com lançamentos como o PC 586 (um fake, na verdade, já que não era tão melhor que o 486 e não chegava perto de um Pentium), ou mais recentemente do lançamento da nova geração de jogos que exigiam aceleração 3D - quando vi Quake 3 pela primeira vez achei que as paredes do cenário do jogo pareciam mais reais que as paredes do meu quarto. E pasmem: numa época que o salário mínimo era 130 reais uma placa aceleradora de 16 Mb custava a bagatela de 350 reais!

Apesar das dificuldades, agitações e falta de dinheiro, vale a pena aproveitar cada minuto de nossos primeiros anos de vida - os 20 primeiros anos, pelo menos. Pode parecer conversa de aposentado ou doente terminal, mas isso nada mais é do que puro e sincero saudosismo. Quem não daria um dedo para reviver épocas passadas ou sentir as emoções dos tempos de outrora, onde tudo era mais simples e nossa principal preocupação era não perder nossos programas favoritos na televisão ou conseguir jogar o último lançamento?

Podemos resumir tudo isto em uma palavra: simplicidade. A simplicidade com que tratávamos nossos problemas, a ausência de preocupações com o futuro... eis uma coisa que devemos aos nossos pais (biológicos ou adotivos): o fato de terem nos escondido os problemas do mundo até a época certa, e de terem nos dado tempo para vivermos antes de nos preocuparmos com nosso próprio futuro.

Uma vida descompromissada e totalmente livre é algo que levaremos na lembrança até o fim de nossos dias, e é algo que devemos passar aos nossos filhos.

Para ilustrar este POST comtemplativo, fiquem com (mais) uma música, com a indicação da Cantinho Corporations Inc.: 1979, da banda Smashing Pumpkins. Quem tiver dificuldade com o inglês da letra, pode ler a tradução (meio capenga, mas já é alguma coisa) clicando aqui.


1979

Shakedown 1979, cool kids never have the time
On a live wire right up off the street
You and I should meet
June bug skipping like a stone
With the headlights pointed at the dawn
We were sure we'd never see an end to it all

And I don't even care to shake these zipper blues
And we don't know just where our bones will rest
To dust I guess
Forgotten and absorbed into the earth below

Double cross the vacant and the bored
They're not sure just what we have in the store
Morphine city slippin' dues, down to see that

We don't even care, as restless as we are
We feel the pull in the land of a thousand guilts
And poured cement, lamented and assured
To the lights and towns below
Faster than the speed of sound
Faster than we thought we'd go, beneath the sound of hope

Justine never knew the rules
Hung down with the freaks and the ghouls
No apologies ever need be made
I know you better than you fake it, to see
(rpt 1)

The street heats the urgency of sound
As you can see there's no one around



John Coffey
Essa é para todas as milhares de leitoras do nosso Cantinho dizerem aos digníssimos quando eles estiverem "pisando na bola".


Like anyone would be
I am flattered by your fascination with me
Like any hot-blooded woman
I have simply wanted an object to crave

But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight

Must be strangely exciting
To watch the stoic squirm
Must be somewhat hard-telling
To watch shepherd meet shepherd

But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight

Like any unchartered territory
I must seem greatly intriguing
You speak of my love
Like you have experienced love like mine before

But this is not allowed
You're uninvited
An unfortunate slight

I don't think you unworthy
I need a moment to deliberate


E segue o vídeo com cortesia do Você Tubo! Assim vocês podem ver se a Alanis parece Deus mesmo ou não!




Por favor, continuem nos brindando com tantas visitas (O AdSense não mente jamais) para que possamos concluir nosso projeto de ficarmos milionários e cheios de escravos.
John Coffey
A Cantinho corporations Inc. descobriu o filão-mor para encher os bolsos com a fortuna que a gente recebe do Gúgol Ad sense. AUTO AJUDA crianças! A partir de agora nós incluiremos em nossa programação regular, (tão regular quanto a do seu Sílvio), muitos conselhos de sabedoria que poderão levá-los à iluminação e ao estado de Nirvana. Além de quem sabe, deixá-los ricos a ponto de compartilhar o pão com esses humildes blogueiros.

O post com as palavras do deus da guitarra foi apenas o começo. Hoje tem mais!

Advice for the young at heart
Soon we will be older
When we gonna make it work ?

Too many people living in a secret world
While they play mothers and fathers
We play little boys and girls
When we gonna make it work ?
I could be happy
I could be quite naive
It's only me and my shadows
Happy in our make believe
Soon...

And with the hounds at bay
I'll call your bluff
Cos it would be okay
To walk on tiptoes everyday

And when I think of you and all the love that's due
I'll make a promise, I'll make a stand
Cos to these big brown eyes, this comes as no surprise
We've got the whole wide world in our hands

Advice for the young at heart
Soon we will be older
When we gonna make it work ?

Love is a promise
Love is a souvenir
Once given
Never forgotten, never let it disappear
This could be our last chance
When we gonna make it work ?
Working hour is over

And how it makes me weep
Cos someone sent my soul to sleep

And when I think of you and all the love that's due
I'll make a promise, I'll make a stand
Cos to these big brown eyes, this comes as no surprise
We've got the whole wide world in our hands

Advice for the young at heart
Soon we will be older
When we gonna make it work ?

Working hour is over
We can do anything that we want
Anything that we feel like doing

E com vídeo claro pra todo mundo cantar junto!



John Coffey
Porque o Cantinho da Torta e seus frequentadores acham importante ensinar a todos algumas duras verdades da vida!

Once I lived the life of a millionaire,
Spent all my money, didn´t have any care.
Took all my friends out for a mighty good time,
We Bought bootleg liquor, champagne and wine.

Then I began to fall so low,
Lost all my good friends, had nowhere to go.
If I get my hands on a dollar again,
I'll hang on to it till that eagle grins.

'Cause no, no, nobody knows you
When you're down and out.
In your pocket, not one penny,
And as for friends, you don't have many.

When you get back on your feet again,
Everybody wants to be your long-lost friend.
I said it's strange, without any doubt,
Nobody knows you when you're down and out.

When you get back on your feet again,
Everybody wants to be your long-lost friend.
I said it's strange, without any doubt
Nobody knows you,
Nobody knows you,
Nobody knows you when you're down and out.

Quem disse isso??? DEUS, é claro!



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